Quem sou eu

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Sou assim;Duas de mim.Às vezes três,Quatro,cinco,seis.Sou uma por mês.Me diversifico. Tem horas que grito,vivo num conflito.Mostro ao mundo minha dor;outras horas,só sei falar de amor. A mais romântica,melodramática,estática.Chorosa e nervosa. Carente e decadente. Vingativa e inconseqüente. Aí quando menos percebo me transformo em mulher cheia de medo,cheia de reservas, coberta de sutilezas. Séria sem defesa.No minuto seguinte no papel de mulher fatal.Viro logo a tal. Aí sou dona do mundo. Segura e destemida,altiva e atrevida.Rasgo meus segredos ao meio e exponho num roteiro de poesia ou texto. Agrido,inflamo. Conto o que ninguém tem coragem de contar. Explico detalhes que é bom nem lembrar...Sou assim; Várias de mim.Sorriso por fora;angústia toda hora. Por dentro um tormento, no rosto nenhum sofrimento. No corpo uma explosão de prazer,nos olhos meu desejo deixo perceber. Melhor nem me conhecer. Fique com minhas letras, com as minhas palavras. Na vida real sou bem mais complicada.Sou mil... E quem tentou,descobriu que viver ao meu lado é viver dentro de um campo minado prestes a explodir. Mas quem nele esteve jamais quis fugir.=D

segunda-feira, 21 de março de 2011

A vida em quatro estações

Eu queria que a vida fosse dividida em quatro estágios, mas que não acabasse nunca...
A infância é como a primavera.
É pura novidade e um calor que não sufoca nem faz pensar bobagens.
Tem uma inocência quase cafona, uma singeleza clássica, e traz no íntimo a certeza de que pela frente vem coisa boa.
A gente quer que passe logo, mas sabe que nunca mais será tão protegido, a mordomia não será eterna.
É quando as coisas acontecem pela primeira vez, é quando num arbusto verde vemos surgir alguns vermelhos, é surpresa, a primeira de uma série.
A adolescência é como o verão.
Quente, petulante, libidinosa.
Parece que não vai haver tempo para fazer tudo o que se quer e o que se teme.
É musical e fotogênica.
Dúvidas, dúvidas, dúvidas em frente ao mar. Mergulha-se no profundo e no raso.
Pouca roupa, pouca bagagem.Curiosidade.
Vontade que dure para sempre, certeza de que passa.
Noção do corpo.Festas e religião.Amor e fé.
A maturidade é como o outono.
Um longo e instável outono, que alterna dias quentes e frios, que nos emociona e nos gripa.
Há mais beleza e o ar é mais seco, porém é quando se colhem os melhores abraços.
Ficar sozinho passa a não ser tão aterrorizante.
Fugimos para a praia, fugimos para a serra, as idéias aprendem a se movimentar, a fazer a mala rápido, a trocar de rota se o desejo se impuser, e não é preciso consultar o pai e a mãe antes de errar.
É o outono que tentamos conservar.
O inverno é como a velhice.
Tem sua beleza igualmente, exige lã, bolsa de água quente, termômetro e uma janela bem vedada.
O que não queremos que entre? Maus presságios.
O inverno é frio como despedida de um grande amor, mas sabemos que tudo voltará a ser ameno.
Queremos que passe, temos medo que termine.
Ficar sozinho volta a ser aterrorizante.
O inverno é branco, é cinza, é prata. É grisalho.
E, de repente, também passa.
Eu queria que tudo fosse verdade, que a vida fosse assim dividida em quatro estágios que mais parecem estações do ano, mas que não acabasse, que depois do inverno viesse outra primavera, e outro verão, e outro outono, que nunca são iguais, mas sempre se repetem, sempre voltam, são tão certos quanto o sol e a lua, todo dia, toda noite.
Eu queria.
                               
                                                                          (Marta Medeiros)

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